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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Como se originou o dízimo cristão e o salário do Clero!

Se você não sabe.. saberá agora..

Cipriano (200-258 d.C.) foi o primeiro escritor cristão a mencionar a prática de sustentar
financeiramente o clero. Ele arrazoava que da mesma forma como os levitas foram sustentados pelo
dízimo, assim também o clero cristão deveria ser sustentado pelo dízimo.15[15] Mas isso representa
um pensamento equivocado. Hoje, o sistema levítico está eliminado. Somos todos sacerdotes agora.
Então se um sacerdote demanda dízimo, todos os cristãos devem dizimar-se mutuamente!
O pedido de Cipriano foi bem incomum naquele tempo. Tanto que não foi apoiado nem
divulgado pelo povo cristão naquele momento, mas muito tempo depois.16[16] Além de Cipriano,
nenhum escritor cristão antes de Constantino jamais utilizou referências do VT para recomendar o
dízimo.17[17] Foi apenas no século IV, 300 anos depois de Cristo, que alguns líderes cristãos
12[12] O mesmo se aplica com relação a Jacó. 2 Gênesis 28:20-22, Jacó se dispôs a dizimar ao Senhor. Mas, como no caso de
Abraão, o dízimo de Jacó foi completamente voluntário. Segundo sabemos, não se tratava de uma prática contínua. Não há como
provar que Jacó dizimava regularmente, pelo contrário, vinte anos se passaram antes que ele começasse a dizimar! Citando Stuart
Murria, "o dízimo parece ser algo incidental nestes relatos (de Abraão e Jacó). O autor não atribui um significado teológico a
esta prática".
13[13] Alguns cristãos, contudo, acreditam ser perfeitamente legal recusar pagar imposto de renda, e não são poucos aqueles que
neste momento estão presos por ter agido nesta convicção!

14[14] Neemias 12:44; 13:12-13; Deu. 14:28-29; 26:12.
15[15] Cyprian, Epistle 65.1; Beyond Tithing, p. 104.
16[16] Beyond Tithing, pp. 104-105; Early Christians Speak, p. 86.
17[17] Beyond Tithing, p. 112. Em alguns de seus escritos Crisóstomo recomenda dizimar para os pobres (pp. 112-117).
104

começaram a defender o dízimo como prática cristã para sustentar o clero.18[18] Mas isto não chegou
a ser comum entre os cristãos até o século VIII!19[19] Segundo um erudito, "pelos primeiros
setecentos anos isso (os dízimos) quase nem foi mencionado".20[20]
Relatar a história do dízimo cristão é um exercício fascinante. O dízimo migrou do Estado para
a Igreja. Na Europa Ocidental, exigir o dízimo da produção de alguém era cobrar o aluguel da terra
que lhe era dada em arrendamento. Na medida em que a cobrança do aluguel de 10% era entregue à
Igreja, esta aumentava sua quantidade de terras ao longo da Europa. Isto resultou em um novo
significado relacionado a esta cobrança de 10%. Chegou a ser identificado com o dízimo levítico!
Por conseguinte, o dízimo cristão como instituição foi baseado em uma fusão da prática do VT com
a instituição pagã.21[21]
Pelo século XVIII, o dízimo chegou a ser um requisito legal em muitas áreas da Europa
Ocidental.22[22] Pelo fim do século X, a diferença do dízimo enquanto imposto de renda e
mandamento moral apoiado no Antigo testamento havia desaparecido.23[23] O dízimo tornou-se
obrigatório ao longo da Europa cristã.24[24]
Em outras palavras, antes do século VIII, o dízimo era um ato de oferta voluntária.25[25] Mas
pelo fim do século X, ele passou a ser uma exigência legal para sustentar a Igreja Estatal - exigida
pelo clero e colocada em vigor pelas autoridades seculares!26[26]
Felizmente, a maioria das igrejas modernas abandonou a prática do dízimo como uma exigência
legal.27[27] Mas a prática de dizimar está tão viva hoje como foi durante o tempo em que era um
requisito legal. Certamente você não vai ser castigado fisicamente por não dizimar. Mas se você não
for dizimista - isto se aplica à maioria das igrejas modernas - você será excluído das posições
importantes do ministério. E sempre será culpado e atacado de cima do púlpito!28[28]
Quanto aos salários do clero, os ministros não receberam salários durante os primeiros três
séculos. Mas quando Constantino entrou em cena ele instituiu a prática de pagar um salário fixo ao
clero dos fundos eclesiásticos e das tesourarias municipais e imperiais.29[29] Assim, pois, nasceu o
salário do clero, uma prática daninha que não tem precedente no NT.30[30].
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Detalhes Adicionais
18[18] Ibid., p. 107. The Apostolic Constitutions (c. 380) apóia o dízimo para sustentar o clero com base no sistema levítico do
Velho Testamento (pp. 113-116). Agostinho defendeu o dízimo, mas ele não o apresentou como norma. Na realidade, Agostinho
sabia que seu apoio ao dízimo não representava a posição histórica da igreja. O dízimo foi praticado por alguns cristãos piedosos
no século V, mas não foi de forma alguma uma prática difundida (pp. 117-121).
19[19] Edwin Hatch, The Growth of Church Institutions (Hodder and Stoughton, 1895), pp. 102-112.
20[20] Ibid., p. 102.
21[21] Beyond Tithing, p. 137.
22[22] Ibid., p.134. Carlos Magno instituiu legalmente o dízimo e tornou-o obrigatório em seu reino de 779 a 794 (p.139); The Age
of Faith, p. 764.

25[25] Com exceção dos gauleses durante o século VI. O Sínodo de Tours em 567 tornou o dízimo obrigatório na região. O Sínodo
de Macon em 585 ameaçou com excomunhão aqueles que recusassem dizimar. Para uma breve, mas detalhada discussão sobre a
oferta na igreja patrística, veja Alan Kreider's Worship and Evangelism in Pre-Christendom, Alan/Gron Liturgical Study, 1995,
pp. 34-35.
26[26] Beyond Tithing, pp. 2, 140. Teólogos e legisladores desenvolveram detalhadamente do sistema de dízimo.
27[27] Notavelmente, a igreja da Inglaterra anulou o dízimo como exigência legal durante os anos trinta do século XX (Beyond
Tithing, pp. 3-6).
28[28] Note que eu firmemente acredito no livre apoio financeiro à obra do Senhor. As escrituras afirmam isso e o Reino de Deus
necessita desesperadamente desse apoio. O que estou atacando nesse capítulo é o dízimo enquanto lei cristã e a maneira como
esse dinheiro é utilizado: para pagar salários do clero e para manutenção do edifício.

29[29] C.B. Hassell, History of the Church of God, from Creation to d.C. 1885 (Gilbert Beebe's Sons Publishers, 1886), pp. 374-
392, 472; M.A. Smith, From Christ to Constantine (Downer's Grove: InterVarsity Press, 1973), p. 123. O Montanistas do
segundo século foram os primeiros a pagar seus líderes, mas esta prática não se espalhou até Constantino (From Christ to
Constantine, p. 193).
30[30] Para uma resposta a essas passagens bíblicas que alguns usam para defender o salário do clero (pastor) veja, Rethinking the
Wineskin, Capítulo 5.

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